NOTÍCIAS
STJ – STJ e Embaixada da Paz recebem ganhadores do Nobel e ministros no evento Diálogos pela Paz e Justiça
28 DE MAIO DE 2021
”Sem justiça e Poder Judiciário, não há paz social possível, porque somos essenciais defensores da dignidade da pessoa humana, das liberdades, das garantias fundamentais e dos direitos das minorias”, declarou nesta quinta-feira (27) o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Conselho da Justiça Federal (CJF), ministro Humberto Martins, durante a abertura do seminário Diálogos pela Paz e Justiça.
Promovido pelo STJ e a Embaixada da Paz, o evento virtual reuniu autoridades e especialistas, nacionais e internacionais, com o objetivo de debater os caminhos para promover a paz e concretizar a justiça em nível mundial. Entre os convidados, o seminário contou com a presença de dois ganhadores do Nobel da Paz: o ex-presidente do Timor-Leste José Manuel Ramos-Horta e o indiano Kailash Satyarthi – vencedores do prêmio em 1996 e 2014, respectivamente.
O encontro virtual, aberto pelo presidente do STJ, reuniu autoridades e especialistas para discutir a promoção da paz e da justiça em nível mundial. De acordo com o presidente do STJ, a paz é o direito supremo de toda a humanidade. “O direito à paz é concebido como direito imanente à vida, sendo condição indispensável ao progresso de todas as nações, em todas as esferas”, disse. Em seu pronunciamento, Humberto Martins destacou a necessidade da colaboração de todas as instituições e de cada cidadão em um processo coletivo e diário de busca do bem comum.
“A paz exige a construção de uma ética global de solidariedade e cooperação que deve prevalecer sobre os projetos individuais. O mundo não precisa de palavras vazias e sim de artesãos da paz, pessoas como nós, que se colocam abertas ao diálogo e à integração”, ressaltou o ministro.
Martins ainda se solidarizou com os familiares das mais de 450 mil vítimas da pandemia da Covid-19 no país: “Registro meu profundo pesar. Em tempos de tamanha provação, precisamos nos manter firmes e confiantes na ciência, nas instituições democráticas, na participação de cada um e, sobretudo, na misericórdia de Deus”.
Dignidade humana
Também presente à abertura, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Luiz Fux, afirmou que as sociedades mergulhadas em conflitos estão fadadas ao não desenvolvimento. Segundo ele, o direito tem como missão alcançar a paz por meio da luta por justiça, tendo como eixo central a proteção da dignidade da pessoa humana.
Com relação ao Brasil, o presidente do STF alertou para as barreiras impostas pela crise sanitária no tocante à garantia de uma vida digna ao conjunto da sociedade brasileira. “A população clama por mais saúde, mais emprego, mais renda, mais moradia, mais alimentação e mais segurança”, resumiu.
Por sua vez, a presidente da Embaixada da Paz, Maria Paula Fidalgo, chamou atenção para a relação entre paz e saúde mental, no sentido de que a violência somente ocorre quando o indivíduo “adoece psiquicamente”. Além disso, ela afirmou que uma das prioridades da promoção da cultura de paz deve estar no sistema penitenciário.
“A cultura de paz trabalha com o acolhimento, para que o sujeito que cometia crimes possa se transformar. Precisamos combater o crime com firmeza, mas o criminoso é um ser humano que não está em condições de fazer escolhas pacíficas”, enfatizou a embaixadora da paz.
Nobel
Falaram no primeiro painel o timorense José Manuel Ramos-Horta e o indiano Kailash Satyarthi, vencedores do Prêmio Nobel da Paz. Os debates tiveram a mediação do ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Lelio Bentes Corrêa. Para o ministro, o desenvolvimento da cultura de paz pressupõe o fomento da educação para os direitos humanos, do cultivo de competências pacificadoras, de estratégias de prevenção de conflitos e de uma governança global.
Em sua exposição, o ex-presidente de Timor Leste Ramos-Horta abordou os desafios enfrentados para a pacificação da nação asiática após a conquista da independência contra a ocupação pela Indonésia. Ele contou que, em vez de uma justiça punitiva, optou-se pela reconciliação nacional entre os diferentes atores da luta pela emancipação política timorense.
“Obviamente, não se esquece dos crimes do passado. A conciliação não é algo que se decreta, mas que vem do coração da vítima que compreende que é necessário continuar a viver, e não ser refém do passado”, refletiu Ramos-Horta.
Atuante na luta contra o trabalho infantil, o indiano Kailash Satyarthi discorreu a respeito da miséria como obstáculo mundial para a paz. Na visão de Satyarthi, mais do que lutar uns contra os outros, violência é perpetuar a desigualdade social existente.
“Não podemos esquecer que dois terços das corporações do mundo aumentaram o lucro em 109 bilhões de dólares no último ano. No mesmo período, 490 milhões de crianças em países marginalizados passaram a viver em situação de pobreza”, completou.
Normatização recente
No segundo painel, também moderado pelo ministro Lelio Bentes Côrrea, o ministro do STF Dias Toffoli analisou o contexto histórico do abismo social no Brasil. “Pobreza e desigualdade infelizmente são marcas do nosso país e óbices para a consolidação da justiça e da paz”, declarou.
De acordo com o magistrado, o processo acelerado de urbanização no país pressionou o Estado a promover cada vez mais serviços públicos. Nesse sentido – comentou Toffoli –, a atual Constituição Federal é um marco da refundação nacional pautada na ética, na fraternidade e na igualdade de oportunidades para todos.
Na sequência, o ministro do STJ Herman Benjamin lembrou que o Brasil é um Estado social de direito por determinação constitucional, e não apenas por ilusão ou pensamento de alguns. Sobre o ideal de paz, ressaltou que sua cristalização como direito é recente.
“A passagem da paz da vagueza de um conceito para um desenho de direito e dever é recente. O primeiro exemplo de que tenho conhecimento encontra-se no artigo 22 da constituição da Colômbia, colocando esse conceito como direito e dever de todos”, observou.
Pelo STJ, também participaram do evento a ministra Nancy Andrighi e o ministro Marco Buzzi.
Agenda 2030
O STJ está comprometido com a Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU), e tem pautado suas ações no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), fazendo as escolhas necessárias para melhorar a vida das pessoas, agora e no futuro. As informações desta matéria estão relacionadas ao ODS 16. Paz, Justiça e Instituições Eficazes – Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.
Fonte: STJ
Outras Notícias
Anoreg RS
Artigo – STJ – Entre salários e dívidas: questões sobre a (im)penhorabilidade da remuneração
24 de maio de 2021
O magistrado observou que a maioria dos países civilizados estabelece que os salários de alto valor podem ser...
Anoreg RS
CNJ – Em apenas 60 dias, Balcão Virtual se consolida como serviço indispensável
24 de maio de 2021
Esses são alguns dos assuntos mais procurados pelos usuários do Balcão Virtual do STJ, atendimento judicial...
Anoreg RS
Tribunal promove consulta pública sobre publicação de dados em formato aberto
24 de maio de 2021
Com o objetivo de ampliar a transparência, o Superior Tribunal de Justiça disponibiliza, até 20 de junho, a...
Anoreg RS
Conjur – O comércio eletrônico e o Código de Defesa do Consumidor
24 de maio de 2021
A grande expansão da internet nos últimos anos foi extremamente relevante para o crescimento do comércio...
Anoreg RS
Arpen/RS – Cartórios bem pra ti: Projeto “Confraternização Solidária” é promovido pelo RCPN da Primeira Zona de Novo Hamburgo
21 de maio de 2021
Com o apoio da comunidade local, ações sociais são desenvolvidas com o objetivo de auxiliar, de forma contínua,...