NOTÍCIAS
Atuação do poder público é essencial para atendimento de autistas, apontam ativistas
01 DE JULHO DE 2022
O transtorno do espectro autista (TEA) não é uma doença, é uma hipersensibilidade aos estímulos do ambiente. A observação é da escritora Kenya Diehl, palestrante da 1ª edição do Ciclo de Debates da Comissão Permanente de Políticas Sociais e de Desenvolvimento do Cidadão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O evento foi transmitido no canal do CNJ no YouTube, nesta quinta-feira (30/6), e teve como tema o autismo.
Kenya Diehl foi diagnosticada com TEA aos 9 anos de idade e, hoje, aos 39, além de escritora, é palestrante e consultora no assunto. Ela explicou que todas as pessoas com autismo precisam de acompanhamento permanente, mas não todas necessitam fazer uso de medicação. Segundo Diehl, o autismo tem níveis de intensidade e o ideal é que a pessoa possa desenvolver suas habilidades ao máximo respeitando suas características e também as particularidades do transtorno. Para tanto é importante a conscientização de toda a sociedade e capacitação de profissionais, principalmente nas áreas de educação e saúde.
Willian Chimura, ativista e professor na Academia do Autismo, também tem TEA e contou que muitas vezes suas dificuldades e déficits não são respeitados porque ele está no nível 1, considerado o mais brando. “Ah, ele não aprende, não para quieto na sala, não tem o que fazer. Mas tem o que fazer, todas as pessoas aprendem, sempre há o que fazer”. Ele defende que é preciso que o Estado desenvolva mais políticas públicas para auxiliar a conscientização sobre o tema e garantir a inclusão dos autistas na sociedade.
Sobretudo para as famílias mais humildes, o auxílio do poder público é fundamental. Como aponta Fátima de Kwant, escritora, palestrante e criadora do projeto internacional de conscientização do autismo – Autimates. A escritora argumenta que todos merecem um tratamento digno e de qualidade e, diante da complexidade do autismo, é inaceitável que os pais ainda tenham de correr atrás dos seus direitos. “A gente precisa desse olhar humano para essas famílias – mais humildes, sem acesso aos médicos -, porque sem isso elas vão ficar à margem”.
A advogada Fabiani Borges conhece essa realidade de perto. Co-fundadora do Coletivo Autimais, está acostumada a receber familiares de autistas em busca de apoio. Na maioria dos casos, são famílias constituídas apenas pela mãe e sem recursos financeiros. Segundo Fabiani, a quantidade de mães que chegam à porta da Autimais sem informação sobre o transtorno é enorme. “É comum sentirem-se sozinhas quando recebem o diagnóstico do médico e logo pensam que o mundo acabou”, explica. A advogada, mãe de filho autista e esposa de autista, sonha com o dia em que os órgãos públicos possam levar informação de qualidade com evidência científica sobre o TEA para a sociedade. Além disso, defende políticas públicas que possam ofertar a terapia específica para o autismo no Sistema Único de Saúde e mais incentivo à inclusão de pessoas autistas no mercado de trabalho.
A abertura do debate foi feita pelo presidente da Comissão Permanente de Políticas Sociais e de Desenvolvimento do Cidadão, conselheiro Mário Goulart Maia, que prestou uma homenagem às mães de filhos e filhas autistas: “Sem vocês, essa causa certamente passaria despercebida. Ai daqueles que mexem com as mães de autistas”. A Comissão Permanente tem entre suas competências propor políticas judiciárias de promoção de direitos sociais, em especial relacionados à saúde, à educação e à tutela do meio ambiente.
Texto: Thayara Martins
Edição: Thaís Cieglinski
Agência CNJ de Notícias
Reveja o evento no canal do CNJ no YouTube
The post Atuação do poder público é essencial para atendimento de autistas, apontam ativistas appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Portal CNJ
MS: Tribunal eleitoral inicia digitalização de documentos de guarda permanente
30 de junho de 2022
O Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul (TRE-MS) deu início, na última sexta-feira (24/6), à...
Portal CNJ
Pessoas em situação de rua acessam direitos e cidadania no Distrito Federal
30 de junho de 2022
“Quando a pessoa vulnerável chega aqui, consegue documentos. E só isso já faz que ela se sinta importante, se...
Portal CNJ
Judiciário paraense registra 93,01% em Índice de Casos Eletrônicos
30 de junho de 2022
O Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) precisa digitalizar e virtualizar menos de 7% de processos físicos para...
Portal CNJ
Escritórios Sociais: com inauguração no DF, serviço chega a 22 unidades da Federação
30 de junho de 2022
Com mais uma unidade inaugurada no Distrito Federal nessa quarta-feira (29/6), o Escritório Social já está...
Portal CNJ
Balcão Virtual tem mais de 13 mil atendimentos na Justiça do Trabalho da 2ª Região
30 de junho de 2022
Oferecer atendimento para quem não pode ou prefere não se dirigir até uma das 217 varas do Tribunal Regional do...