NOTÍCIAS
Comissão interna do CNJ se engaja no combate à violência laboral no Judiciário
20 DE MAIO DE 2022
Como parte da mobilização do Poder Judiciário para enfrentar o assédio e a discriminação em suas dependências, a especialista em sofrimento laboral e sofrimento no trabalho Karla Valle apontou, durante palestra no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) na terça-feira (18/5), a importância de dar voz às pessoas para combaterem e evitarem situações de violência que podem chegar a práticas de assédio no trabalho. A iniciativa, promovida pela Comissão Interna de Combate ao Assédio e à Discriminação do CNJ, apresentou caminhos de resolver as situações, resguardando, ouvindo e oferecendo suporte às vítimas.
A Semana de Combate ao Assédio e à Discriminação foi instituída em abril deste ano para ser realizada na primeira semana de maio. Com primeira edição em 2022, todo o mês de maio tem sido dedicado pelos órgãos de Justiça para debater ações preventivas e de conscientização, contemplando membros da magistratura, servidores, servidoras, estudantes e outras pessoas que atuam no trabalho da Justiça.
Para Karla Valle, que é assistente social da Coordenadoria de Saúde do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT1), as ações institucionais têm trazido avanço para a mudança cultural e fortalecido as medidas preventivas, além de ter um caráter educativo. “Só de ser expostos e chamados para conversar, ser submetidos à reciclagem e à capacitação, provoca espaços em indivíduos que propiciam a mudança cultural.”
Segundo a especialista, é preciso sistematizar os indícios para verificar os caminhos e modos de enfrentamento dando ao trabalhador respostas antes que ele adoeça. No TRT1, por exemplo, a área de saúde ficou definida como porta de entrada dos casos de violência laboral. A partir da análise do caso, já podem ser produzidas provas qualificadas, sistematizando também a construção do processo. “Esse movimento validou o protagonismo do alvo, que é a pessoa que sofre a violência. E isso é estratégico para que ela não desista da denúncia e fortaleça as medidas preventivas e de correção.”
A instalação de uma “cultura do desempenho”, que não necessariamente respeita os limites entre o tempo de vida e o tempo de trabalho, também deve ser considerada quando passa a normalizar o cansaço laboral. Muitas vezes, os gestores justificam uma postura violenta com a obrigação de “cumprir ordens”, sem refletir sua relação com o trabalho e com o outro. “Vemos uma naturalização do comportamento violento em nome do aumento da produtividade. A violência laboral, assim, pode evoluir para situações de assédio e de discriminação. Para enfrentar essa situação, portanto, é preciso discutir a gestão”, ressaltou Karla Valle.
A servidora explicou que a ampliação desse debate nos tribunais é um reflexo das normas do CNJ e do Conselho Superior da Justiça do trabalho (CSJT), que venceu algumas resistências internas para avançar nessa transformação institucional. “Não há como enfrentar o assédio sozinho. Essa é uma questão multidisciplinar, interinstitucional e coletiva.”
Ambiente equilibrado
A coordenadora da Comissão Interna e juíza auxiliar da Presidência do CNJ, Ana Aguiar, avalia que o debate é um primeiro passo para a construção de um ambiente de trabalho equilibrado e tranquilo. “As pessoas precisam se sentir à vontade, livres e seguras no ambiente de trabalho. A Comissão existe para ajudar as pessoas que sofram algum tipo de assédio ou estejam em algum conflito no ambiente de trabalho.”
Condutas abusivas e repetidas que, a despeito da intenção, atentem contra a dignidade do trabalhador, afetando as relações profissionais e o clima de trabalho, configuram uma realidade de assédio que deve ser combatida. Para reforçar esse conceito e orientar seu corpo técnico e funcional, o CNJ dispõe de uma cartilha sobre o assunto e publicou diversos cards alertando sobre a questão. A Comissão do CNJ ainda pretende promover encontros com grupos para apresentar a atuação do colegiado como canal aberto para os servidores, servidoras, colaboradores, colaboradoras, estagiários e estagiárias.
Lenir Camimura
Agência CNJ de Notícias
The post Comissão interna do CNJ se engaja no combate à violência laboral no Judiciário appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Anoreg RS
Folha de S.Paulo – Adoção irregular parece ato de amor, mas não é boa para ninguém, diz especialista
03 de junho de 2022
O Brasil avançou e muito na organização dos processos de adoção, mas ainda existe no país uma cultura em que...
Anoreg RS
Artigo – PGFN: permuta imobiliária não integra base de cálculo no lucro presumido
03 de junho de 2022
No setor imobiliário as operações de permutas de imóveis são bastante utilizadas para viabilização de...
Anoreg RS
Artigo – Sicaf para estrangeiros é constitucional e legal
03 de junho de 2022
Este artigo trata de uma proposta de decreto legislativo que envolve séria polêmica e possui impactos severos nas...
Portal CNJ
Consulta pública recebe sugestões sobre digitalização de documentos judiciais
03 de junho de 2022
Está aberta a consulta pública sobre resolução que estabelece diretrizes e normas para a digitalização de...
Portal CNJ
Adoção: sistema de Justiça e sociedade fazem sugestões sobre entrega voluntária
03 de junho de 2022
A criação de um sistema humanizado e capacitado para acolher a mãe que cogita entregar o filho ou a filha para...