NOTÍCIAS
Falta de política pública favorece crescimento de imóveis irregulares
09 DE JUNHO DE 2022
Especialistas apontam que problema atinge todas as classes e traz diversos prejuízos econômicos.
De invasões a imóveis vendidos de forma ilegal, diversas são as irregularidades que afligem cerca de 50% dos imóveis do país, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). Em todo Brasil, cerca de 30 milhões de famílias ocupam residências que não possuem documento ou registro legal.
“A irregularidade se dá por inúmeros motivos, desde invasões até construções sem projetos devidamente aprovados. São famílias que estão em situação de insegurança jurídica. De acordo com o Código Civil, você só é dono de um imóvel urbano ou qualquer outro tipo de imóvel, se possui o registro legal no Cartório de Registro de Imóveis”, explica o advogado Heitor Soares, do Nelson Wilians Advogados.
A informalidade não se restringe apenas às famílias em situação de vulnerabilidade social. Soares aponta que a questão atinge brasileiros de todas as classes e regiões do país. “É um problema presente em todo Brasil e independe de classes, uma vez que a irregularidade tem causas diversas. Só em Goiânia, por exemplo, existem mais de 40 mil imóveis irregulares, números que podem triplicar”, avalia o advogado.
Danos
A falta de políticas públicas específicas para a regularização fundiária contribui para o crescimento acelerado de invasões e acentuação de imóveis irregulares. “A burocratização abre margem para diversos malefícios, tanto para o morador, quanto para o país, incluindo dificuldades de financiamento e até mesmo sonegação fiscal. É um enorme empecilho para o desenvolvimento econômico e social do Brasil”, afirma Soares.
Nas regiões periféricas, a burocratização dificulta, inclusive, o acesso a recursos básicos como água e luz. “As transações de imóveis em regiões periféricas existem e, em sua maioria, são realizadas sem embasamento legal. A venda, compra e até locações são concretizadas sem documentos legais registrados em cartório. A forma irregular dessas transações dificulta que serviços básicos cheguem até esses locais”, completa o especialista.
O economista e vice-presidente do Nelson Wilians Advogados, Fernando Cavalcanti, complementa, detalhando os danos à economia do país. “A falta de controle com a regularização fundiária beneficia a sonegação de impostos, da União aos Governos Municipais, bilhões de tributos como o ITBI e IPTU, por exemplo, deixam de ser arrecadados”, afirma.
Ele também esclarece que os prejuízos econômicos vão além e impactam diretamente o comércio. “Possuir o documento legal possibilita que um imóvel seja oferecido como garantia de financiamentos, por exemplo. Além de representar acesso a crédito bancário, como empréstimos geralmente utilizados como forma de investimento por pequenos e médios empreendedores. Ou seja, com imóveis dentro da legalidade, temos um fator indispensável para o desenvolvimento da economia do nosso país”, opina.
Solução
Segundo os especialistas, é essencial que municípios por todo país se esforcem para promover a regularização e adotar a governança de terras como política pública essencial. Em muitos Estados isso já vem sendo feito, mas é preciso intensificar essas ações e desburocratizar o processo de regularização.
“No Acre, por exemplo, existe um instituto próprio que cuida de questões fundiárias. Assim como no Tocantins que, além do instituto próprio, possui um núcleo de regularização fundiária na Corregedoria Geral do Tribunal de Justiça e comissão especial de regularização fundiária dentro da Assembléia Legislativa. Ou seja, os Estados promoveram a governança de terras como prioridade dentro das políticas públicas”, esclarece Heitor Soares.
O advogado complementa, ressaltando que a falta de regularização implica no descumprimento do preceito do Direito Social à Moradia. “Todo e qualquer brasileiro tem direito à moradia digna. A Lei 13.465/2017 veio para desburocratizar o processo de regularização e, sem dúvidas, já possibilita que a questão fundiária seja prioridade”, conclui.
Outras Notícias
Portal CNJ
Curso aborda execução contratual a partir da nova lei de licitações
09 de junho de 2022
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) está com inscrições abertas, até 20 de junho, para o curso “Execução...
Portal CNJ
Semana do Meio Ambiente em RR sensibiliza para importância da preservação
09 de junho de 2022
O Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR) realiza, desde segunda-feira (6/6), a VI Semana do Meio Ambiente. O evento,...
Portal CNJ
Bombeiros militares gaúchos participam de capacitação em Justiça Restaurativa
09 de junho de 2022
O Tribunal de Justiça Militar do Rio Grande do Sul (TJMRS) realizou, na última sexta-feira (3/6) atividade de...
Portal CNJ
Salas passivas garantem acesso digital ao Judiciário de Mato Grosso
08 de junho de 2022
O uso de salas virtuais para as audiências de conciliação tem facilitado a vida de quem procura os Centros...
Portal CNJ
CE: Justiça Eleitoral já doou mais de 100 toneladas de documentos para reciclagem
08 de junho de 2022
O Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) realizou, nessa segunda-feira (6/6), o descarte dos documentos de...