NOTÍCIAS
Mortes na Amazônia: CNJ vai atuar para melhorar infraestrutura de comarcas
21 DE JUNHO DE 2022
A melhoria da infraestrutura de comunicação da comarca de Atalaia do Norte (AM) foi um compromisso assumido pelo presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Luiz Fux, durante a 8ª Reunião do Observatório dos Direitos Humanos do Poder Judiciário. A unidade é responsável pelo processo relativo aos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, tema que foi destaque no encontro realizado na terça-feira (21/6). “Vamos tratar da questão com o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), pois aquela região judiciária precisa para ter uma prestação eficiente, inclusive para evitar que outras tragédias se repitam”, destacou o ministro.
Fux enfatizou que o objetivo dos Observatório dos Direitos Humanos é a proteção das minorias e que o encontro foi voltado para uma reflexão sobre os assassinatos ocorridos no Vale do Javari. “Tratamos com problemas que abalam toda coletividade e fazemos uma reverência aos povos indígenas, manifestando nossa solidariedade e a garantia de que podem contar sempre com o Poder Judiciário brasileiro.”
A juíza titular da comarca de Atalaia do Norte, Jacinta Silva dos Santos, mesmo com limitações de comunicação, relatou como o processo é conduzido. A magistrada destacou que, como o caso se encontra em período de investigação, o Poder Judiciário está atuando com cautela para que o processo se desenvolva da maneira mais ágil possível. O Ministério Público do Amazonas também participou do encontro, sendo representado pelo promotor de Justiça Elanderson Lima e o procurador do estado Alberto Rodrigues Nascimento Júnior.
A viúva do indigenista Bruno Araújo, a antropóloga Beatriz Matos, falou sobre o trabalho que o companheiro realizava e frisou o que a morte dele representa para o país. Ela lembrou que Bruno sempre atuou buscando abrir portas nas instâncias estatais para realização de políticas públicas com o objetivo de atender às necessidades dos povos indígenas. Beatriz Matos criticou a atuação de autoridades brasileiras no episódio e criticou declarações que, segundo ela, desrespeitaram o trabalho do marido e o sentimento dos familiares. “Foi um desrespeito a um profissional sério e que deu a vida a uma questão de interesse nacional. Temos que parar de achar graça. Isso tem que ter consequências mais sérias.”
Integrante da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Beto Marubo afirmou que os assassinatos ocorreram devido à ausência do Estado na região. “O Judiciário deve estar atendo ao que se passa no Vale do Javari, é a renúncia do Estado numa região onde a retórica oficial é de soberania. Não existe soberania com o esfacelamento da política indigenista, os criminosos estão se associando com várias atividades ilícitas no contexto de fronteira e matando nossos parceiros.” Marubo lembrou que o Brasil já foi referência no tratamento com povos isolados e que Bruno Araújo era uma autoridade no assunto.
População LGBTQIA+
Durante a reunião, a juíza auxiliar da Presidência do CNJ Lívia Perez anunciou que o Observatório desenvolve uma pesquisa que será divulgada em agosto e trata da discriminação e violência contra a população LGBTQIA+. O trabalho envolve o Departamento de Pesquisas Judiciárias do CNJ, o Laboratório de Inovação e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (Liods) e o Programa da Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) para identificar as formas de violência institucionalizada contra essa minoria. A magistrada lembrou também que, ao longo da pandemia, o indigenista Bruno Araújo esteve no CNJ inúmeras vezes buscando proteção do Comitê de Crise para os povos isolados do Vale do javari.
O ator Wagner Moura, membro do Observatório, falou sobre a ampliação do Programa Justiça Itinerante, proposta apresentada por ele e que motivou uma recomendação do CNJ. “Hoje ouvi diversas manifestações sobre ausência do Estado e se trata exatamente disso: o Estado, e o Judiciário, se fazer presente em áreas onde historicamente ele não está.” Ele também destacou a importância da criação de um grupo de trabalho no CNJ para acompanhar as investigações dos assassinatos do indigenista e do jornalista, classificados por ele como crimes contra a democracia.
Texto: Jeferson Melo
Edição: Thaís Cieglinski
Agência CNJ de Notícias
Reveja a 8ª Reunião do Observatório dos Direitos Humanos do Poder Judiciário
Veja mais fotos no Flickr do CNJ
(use as setas à esquerda e à direita para navegar e clique na imagem para a acessar em diferentes resoluções)
The post Mortes na Amazônia: CNJ vai atuar para melhorar infraestrutura de comarcas appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Anoreg RS
Casar é Legal: curso oferece preparação para casamento
08 de junho de 2022
Tomar a decisão de ter alguém ao seu lado para o resto da vida, por meio do casamento, é um passo sério e que...
Anoreg RS
Primeira Seção do STJ vai julgar repetitivo sobre inscrição de imóvel no Cadastro Ambiental Rural e efeitos gerados por TAC
08 de junho de 2022
A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), sob o rito dos recursos repetitivos (Tema 1.151), vai...
Anoreg RS
Prazo máximo de renovação compulsória de aluguel comercial é de cinco anos, afirma Quarta Turma do STJ
08 de junho de 2022
Ao negar provimento ao recurso especial interposto por uma rede de fast-food, a Quarta Turma do Superior Tribunal de...
Portal CNJ
Infraestrutura: Tribunais devem combater o abuso do direito de demandar
08 de junho de 2022
O Plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou recomendação aos tribunais para que adotem cautelas...
Portal CNJ
Explosão de casos de trabalho escravo doméstico na pauta do Link CNJ
08 de junho de 2022
O trabalho escravo doméstico é tema do Link CNJ desta quinta-feira (9/6). O programa, que vai ao ar na TV Justiça...