NOTÍCIAS
Mutirão penitenciário no Amazonas busca diálogo interinstitucional
03 DE MAIO DE 2022
Uma comitiva do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) iniciou os trabalhos no Amazonas, nessa segunda-feira (2/5), para aprimorar o atendimento à população e os serviços prestados na área de execução penal prisional no estado. Em solenidade de abertura, o corregedor nacional de Justiça substituto e conselheiro do CNJ, ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, defendeu a implementação de um esforço conjunto, com a mobilização de todos os atores envolvidos, para superar as deficiências do sistema carcerário.
“As ações têm o objetivo de ampliar o diálogo interinstitucional visando à elaboração de um plano que permita enfrentar e resolver os problemas no sistema penitenciário do Amazonas”, afirmou o ministro. As ações até sexta-feira (6/5) incluem a correição para verificar o funcionamento e a regularização dos sistemas informativos e das plataformas eletrônicas utilizados pelo Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) e um mutirão de inspeções em estabelecimentos prisionais e carceragens de delegacias, incluindo a situação de indígenas privados de liberdade.
A atividade mobiliza a Corregedoria Nacional de Justiça e o Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (DMF) do CNJ. A inspeção ordinária está prevista na Portaria Corregedoria n. 79/2021, para verificação do funcionamento dos setores administrativos e judiciais do tribunal e serventias extrajudiciais do estado. Já a correição extraordinária está definida na Portaria Conjunta n. 1/2022, para verificação do funcionamento e regularização dos sistemas e plataformas e mutirão de inspeções em estabelecimentos prisionais do Amazonas.
O ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho informou que representantes do CNJ estiveram em São Gabriel da Cachoeira (AM), considerada a cidade mais indígena do Brasil, para lançar materiais informativos sobre audiências de custódia nas línguas Nheengatu, Baniwa e Tukano. Ele ressaltou que o CNJ tem grande atenção com os povos originários e esteve in loco para verificar a situação e retornará em breve para colaborar na implementação de medidas restaurativas.
Supervisor do DMF/CNJ, o conselheiro Mauro Martins reforçou os objetivos da missão. “As condições das prisões que temos dizem muito sobre o estágio civilizatório que a nossa sociedade se encontra. É fundamental melhorá-las, pois só assim vamos resolver a questão da segurança pública no país, pois são questões intrinsecamente relacionadas.”
O presidente do TJAM, desembargador Domingos Jorge Chalub Pereira, enfatizou que o TJAM se preparar para a realização de um trabalho árduo na região amazônica, que vai mobilizar servidores, servidoras, magistrados e magistradas que atuam nas 62 unidades de prestação jurisdicional do estado. “É muito positivo poder contar com o apoio do CNJ para estabelecer parâmetros e apresentar condições para que o Poder Judiciário possa melhor servir à população.”
Sociedade civil
Além de reuniões com representantes do TJAM, foram realizados encontros de trabalho com representantes da Defensoria Pública do Estado e da União, do Ministério Público Estadual e Federal, e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), além de entidades da sociedade civil e órgãos de prevenção e combate à tortura. São eles: o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT), o Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura (CEPCT), a Pastoral Carcerária, a Frente Estadual pelo Desencarceramento e o Coletivo de Familiares de Presos do Amazonas.
O envolvimento da sociedade nas ações voltadas para a recuperação do sistema penitenciário foi classificado como essencial pelo coordenador do DMF e juiz auxiliar da Presidência do CNJ, Luís Lanfredi. Segundo ele, denúncias sobre as condições de prisões apontam muitas vezes a necessidade de um aprimoramento da atuação de cada profissional do Sistema de Justiça. “A mobilização dos coletivos organizados é imprescindível para a qualificação dos serviços e atuação dos agentes públicos.”
No primeiro dia de atividades, também foram inspecionados o Complexo Penitenciário Anísio Jobim (COMPAJ), o Centro de Detenção Provisória de Manaus II (CDPM II) e Centro de Detenção Provisória de Manaus I (CDPM I). As visitas às unidades prisionais servem para coletar informações e, o que for apurado, será objeto de sistematização para produzir orientações para o tribunal.
Capacitação
O trabalho no Amazonas também inclui a capacitação das equipes dos tribunais para uso e saneamento de falhas encontradas na utilização dos sistemas informatizados geridos pelo CNJ para a gestão de processos criminais e de execução penal. O treinamento foi iniciado na segunda-feira (2/5), com a abordagem teórica sobre o Banco Nacional de Monitoramento de Prisões (BNMP) e o Sistema Eletrônico de Execução Unificado (SEEU). O intuito é cruzar dados para apurar possíveis casos de extinção de punibilidade, excluir duplicidades de registros, sanear problemas na implantação dos processos e identificar casos com pendências processuais, como prazos para análise de benefícios vencidos, entre outros.
A qualificação de inspeções em unidades de privação de liberdade tem o apoio do programa Fazendo Justiça, executado pelo CNJ em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública para incidir em desafios no campo da privação de liberdade. Em um sentido mais amplo, a ação tem o objetivo de aprimorar os instrumentos, técnicas e metodologias de monitoramento de locais de privação de liberdade partindo de normas e diretrizes nacionais e internacionais. Durante as missões realizadas nos estados, o programa oferece apoio técnico para avaliação de contextos locais e para ponderação de eventuais soluções que se fizerem necessárias.
Jeferson Melo
Agência CNJ de Notícias
The post Mutirão penitenciário no Amazonas busca diálogo interinstitucional appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Anoreg RS
ENORE-RS promoverá curso online sobre os impactos da MP n. 1.085/2021 na atividade notarial e registral
05 de abril de 2022
Objetivo é contribuir para a melhoria contínua da qualidade dos serviços prestados e da gestão dos Tabelionatos...
Anoreg RS
Revista Justiça aborda julgamento do STF sobre regulamentação estadual do ITCMD em heranças no exterior
05 de abril de 2022
Entrevista foi concedida pelo Procurador Federal Pedro Beltrão à Rádio Justiça
Anoreg RS
Coopcori promove novo curso de gestão de Qualidade para cartórios
05 de abril de 2022
Capacitação é aberta para todas as serventias do país, cooperadas ou não
Anoreg RS
Informativo de jurisprudência destaca o Programa de Arrendamento Residencial (PAR)
05 de abril de 2022
O Programa de Arrendamento Residencial (PAR) foi instituído pela Lei n. 10.188/2001 "para atendimento da...
Anoreg RS
Informativo de jurisprudência destaca o pagamento de taxas condominiais desde o recebimento das chaves
05 de abril de 2022
O adquirente de imóvel deve pagar as taxas condominiais desde o recebimento das chaves ou, em caso de recusa...