NOTÍCIAS
Novas equipes de seguranças do CNJ serão treinadas contra racismo
11 DE MAIO DE 2022
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aderiu, nessa terça-feira (10/5), à campanha “Racismo Zero nas Relações de Consumo e na Segurança Privada”, idealizada pela Universidade Zumbi dos Palmares para combater e eliminar a violência racial e o racismo estrutural. Com isso, o órgão se compromete a manter a obrigatoriedade de realização de cursos sobre enfrentamento ao racismo para colaboradores e colaboradoras que atuam na área de segurança.
O presidente do CNJ, ministro Luiz Fux, destacou que o Brasil é marcado por situações de racismo estrutural e violência racial. “Todas as formas de discriminação e racismo devem ser combatidas, sendo dever da administração pública empreender mecanismos institucionais destinados a minimizar e a eliminar as distorções étnicas ainda presentes na sociedade brasileira. Ciente de sua responsabilidade, o Poder Judiciário tem avançado na adoção de medidas concretas que nos direcionem a caminhos que reduzam a desigualdade racial.”
O CNJ publicou, na semana passada, a portaria que institui a obrigatoriedade de capacitação em ações de segurança humana nas contratações de empresas de segurança privada. A nova regra define que “é dever de todos combater o racismo estrutural e a intolerância racial para a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva, solidária e sustentável”. Com isso, nos próximos contratos de prestação de serviços de segurança privada, incluindo patrimonial, a empresa contratada deverá fornecer capacitação em ações de segurança humana às pessoas que forem exercer suas funções no órgão.
Fux ressaltou que a iniciativa foi fruto do diálogo desenvolvido com a sociedade civil no âmbito do Observatório dos Direitos Humanos do Poder Judiciário e com base no compromisso da Justiça brasileira com a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas. “A exigência da capacitação tem por finalidade promover conscientização e educação que levem a uma mudança de cultura, com vistas à superação da discriminação social e do racismo.” Com carga mínima de 10h, as capacitações deverão estar relacionadas, preferencialmente, a direitos humanos, promoção da igualdade racial e enfrentamento ao racismo.
Acolhimento
A adesão ao projeto Racismo Zero amplia a parceria já existente entre o CNJ e a Universidade Zumbi dos Palmares para combate ao racismo, estabelecida em acordo de cooperação para o monitoramento de projetos e políticas que incentivem a cultura da tolerância, da mediação e da pacificação, celebrado em novembro de 2020. Segundo o reitor da instituição, José Vicente, falta ainda acolhimento às vítimas de racismo, com consequências além de maus-tratos físicos e que podem levar à depressão, ansiedade e até casos de suicídio. “Construímos todo um suporte de inteligência emocional, que vai acolher essas vítimas, orientá-las e auxiliá-las na proteção de seus direitos. Racismo é crime e os danos dele produzido permite a reparação.”
O treinamento, especialmente da área de segurança de órgãos públicos e de empresas privadas, tem o objetivo de acabar com atitudes preconceituosas e ações desnecessárias. “Conseguimos montar um programa que atende aos desafios do nosso tempo. Temos convicção de que, com o apoio do CNJ, vamos andar rápido, longe e vamos ajudar a fazer as transformações que nosso país precisa e que qualquer cidadão – seja negro, seja branco – possa entrar em um estabelecimento de consumo, interagir com o profissional de segurança, sem ter o risco e sem o receio de se ele vai voltar vivo para casa. Isso é cidadania e é expandir a democracia para todos, além de construir a pátria de iguais da qual todos nós comungamos.”
Também participaram da solenidade o diretor executivo do Procon/SP, Guilherme Farid Mischi Bou Chebi; o procurador-geral do Trabalho, José de Lima Ramos Pereira; o secretário executivo de Mudanças Climáticas do Município de São Paulo, Antonio Fernando Pinheiro Pedro; a chefe de gabinete da Procuradoria-Geral da República, Eunice Carvalhedo; o presidente da Associação Nacional da Advocacia Negra, Estevão Silva; o vice-presidente de Assuntos de Secretaria de Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transporte de Valores, Odair Conceição; o coordenador do Comitê da Fecomércio/SP, Luís Maia; o presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo, Jorge Gonçalves Filho; a vice-presidente Executiva de Grandes Contas da Cielo, Renata Dauto; e o presidente dos Cursos de Formação e Aperfeiçoamento de Vigilantes, Ricardo Tadeu Correia.
Projeto
O Racismo Zero tem a finalidade levar a espaços de consumo como supermercados, shoppings e comércio, ações de sensibilização, orientação, conscientização e intervenções transformativas de superação e eliminação dos impactos, efeito e resultados da discriminação racial. O trabalho está voltado para as áreas de segurança pública, segurança privada, mercado de trabalho, comunicação, educação e ambiente da Justiça.
O projeto faz parte do Programa Segurança do Futuro, instituído pelo Movimento AR – Queremos Respirar, que foram criados em 2020 em memória e homenagem a morte de George Floyd, homem negro brutalmente assassinado por policiais nos Estados Unidos. Entre os resultados do projeto, estão a eliminação da técnica de sufocamento, conhecida como “mata-leão”, nas abordagens da Polícia Militar de São Paulo e a Guarda Civil Metropolitana de São Paulo. Também foi criado o Programa Segurança Privada Sem Preconceito, em parceria com a Federação Nacional das Empresas de Segurança Privada (Fenavist) e com a Associação Brasileira Formação de Vigilantes (ABCFAV), que desenvolveu cartilhas informativas e treinamentos de gestores e agentes da Segurança Privada, em Combate à Intolerância Racial e Gestão da Diversidade Racial.
Lenir Camimura
Agência CNJ de Notícias
Reveja o evento no canal do CNJ no YouTube
Veja mais fotos no Flickr do CNJ
(use as setas à esquerda e à direita para navegar e clique na foto para a acessar em diferentes resoluções)
The post Novas equipes de seguranças do CNJ serão treinadas contra racismo appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Portal CNJ
Tribunal de MT regulamenta poder de polícia sobre propaganda eleitoral
19 de maio de 2022
O Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) regulamentou o exercício do poder de polícia no 1º grau de...
Portal CNJ
Após diagnosticar crise, CNJ passa a monitorar prisões e justiça criminal do Ceará
19 de maio de 2022
O sistema prisional e a justiça criminal do Ceará passarão a ser monitorados pelo Conselho Nacional de Justiça...
Portal CNJ
Entidade internacional enfatiza confiança no sistema eletrônico brasileiro
18 de maio de 2022
“A democracia a nível global vive tempos nublados. O mundo atravessa um período de recessão democrática, um...
Portal CNJ
Emenda que aumenta idade para indicação de juízes valoriza a magistratura, diz Fux
18 de maio de 2022
O limite de idade para a indicação de ministros a tribunais superiores e juízes de segunda instância subiu de 65...
Portal CNJ
Tribunal do Amapá volta a alertar sobre golpe envolvendo precatórios
18 de maio de 2022
O Tribunal de Justiça do Amapá (TJAP) reforça o alerta à população e autoridades sobre o golpe dos...