NOTÍCIAS
Relatório indica curso e interlocução com Legislativo para aprimorar cálculo de pena
06 DE SETEMBRO DE 2022
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apresentou nesta terça-feira (6/9) um compilado de sugestões e propostas para o aperfeiçoamento dos métodos de cálculo de pena. As medidas incluem a capacitação da magistratura para a realização da dosimetria e a instalação de grupos de trabalho nos tribunais para acompanhamento permanente dos precedentes e da jurisprudência sobre circunstâncias judiciais e suas valorações.
As ações fazem parte do relatório do grupo de trabalho do CNJ sobre dosimetria penal, entregue durante a 63ª Sessão Extraordinária. O documento também inclui resultados de um levantamento feito com quase 2 mil magistrados e magistradas da área criminal sobre os métodos para definir a pena a pessoas condenadas por crimes. A maioria (56%) respondeu que sempre usa o fracionamento da pena ao defini-la. Outros 25% disseram que utilizam frações frequentemente, 6,6% disseram que lançam mão desse método raramente, e 12,4% informaram que nunca utilizam frações.
“A aplicação de penas díspares para pessoas condenadas criminalmente pela mesma infração penal e que se encontram em circunstâncias idênticas pode vilipendiar o direito fundamental de igualdade substancial”, afirmou o coordenador do grupo de trabalho, ministro Reynaldo Soares da Fonseca. O ministro acrescentou que o relatório é resultado de um “trabalho sensível”, voltado a estabelecer parâmetros na questão da individualização da pena, levando em conta o princípio da igualdade na formulação das sentenças e decisões judiciais. “É um tema sensível pois lida com a independência do magistrado, mas está em jogo também a igualdade material, substancial, que deve existir entre todos os jurisdicionados penais”, disse.
O curso proposto pelo GT anual sobre o tema deve ser oferecido pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam) e pelas escolas das magistraturas locais centrados na realização da dosimetria. O relatório aponta também a importância de interlocução com o Congresso Nacional para aperfeiçoamento das leis em relação ao processo dosimétrico e o intercâmbio de conhecimento e experiência com outros países.
As diretrizes para maior rigor, método e uniformidade das penas visam estimular a pacificação social e auxiliar juízes e juízas no exercício da jurisdição criminal, servindo de parâmetro para a elaboração de sentenças e votos e, ainda, como suporte à segurança jurídica das decisões. Desde o ano passado, o GT vem se debruçando na análise dos métodos utilizados para o cálculo de penas impostas a pessoas em decorrência de crime.
“Não estamos interferindo na independência jurídica dos juízes penais, nem dizendo como devem, necessariamente, fixar a pena. Mas a dosimetria precisa ter critérios básicos para consagrar o maior princípio da nossa Constituição que é o da isonomia, a igualdade de todos perante a lei, e, consequentemente, perante a jurisprudência e os jugados”, afirmou O presidente do CNJ, ministro Luiz Fux.
Dosimetria da pena
A primeira parte do “Relatório GT Dosimetria Penal” é composto pela pesquisa empírica e por explicações sobre o grupo de participantes, sua predominância entre os tribunais, metodologia utilizada e os resultados. Ao todo, foram consultados 1.731 magistrados entre outubro e dezembro do ano passado a partir de um questionário com 12 perguntas.
A segunda parte é dedicada ao detalhamento das diretrizes para a dosimetria de pena e inclui os subtemas de culpabilidade, antecedentes criminais, conduta social, personalidade do agente, motivos, circunstância do crime, consequências do crime e comportamento da vítima. A terceira e última parte aborda os caminhos para o aperfeiçoamento dosimétrico no país.
Texto: Luciana Otoni e Regina Bandeira
Edição: Sarah Barros
Agência CNJ de Notícias
The post Relatório indica curso e interlocução com Legislativo para aprimorar cálculo de pena appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Portal CNJ
Acordo entre CNJ e Ministério Público Militar prevê ampliação do acesso à justiça
08 de setembro de 2022
Com objetivo de expandir o Programa Justiça 4.0 e contribuir para uma Justiça mais tecnológica, o Conselho...
Portal CNJ
Discriminação e violência contra população LGBTQIA+ na pauta do Link CNJ
08 de setembro de 2022
O programa Link CNJ vai ao ar nesta quinta-feira (8/9) na TV Justiça, às 21 horas, para tratar de homofobia e...
Portal CNJ
Juízo 100% Digital reduz tempo de tramitação de processos
08 de setembro de 2022
A implantação do Juízo 100% Digital resultou na redução do tempo de tramitação dos processos. No Tribunal de...
Portal CNJ
Novo parceiro produzirá notas técnicas para subsidiar decisões judiciais em saúde
08 de setembro de 2022
A produção de notas técnicas para subsidiar os juízes e as juízas que lidam com questões de saúde será...
Portal CNJ
Portal de Serviços centraliza consulta a processos e acesso a citações e intimações
07 de setembro de 2022
O Portal de Serviços do Poder Judiciário, ferramenta desenvolvida pelo Programa Justiça 4.0, foi lançado pelo...