NOTÍCIAS
RJ: casos controvertidos em audiência de custódia são debatidos pelo Judiciário
18 DE ABRIL DE 2022
A atuação de juízes e juízas que atuam na Central de Custódia do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), com a análise de casos concretos controvertidos, bem como examinar o papel institucional do Ministério Público e da Defensoria Pública nas audiências de custódia. Esses foram os objetivos do encontro síncrono do curso “Audiência de custódia: principais aspectos e controvérsias”, realizado pela Escola da Magistratura.
A advogada Luciana Simas Chaves de Moraes, consultora da UNODC/ONU no programa Fazendo Justiça, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), destacou que “a proposta do curso é muito oportuna e relevante, na medida em que aborda temas atuais e complexos referentes às audiências de custódia. A metodologia utilizada permite valorizar a riqueza dos debates entre os participantes e proporciona reflexões sobre a atuação prática”.
O curso é coordenado pela juíza Caroline Rossy Brandão Fonseca, especialista em Direito e pós-graduanda em Neurociência e Comportamento pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), e pelo juiz Eric Scapim Cunha Brandão, especialista em Direito Público e Direito Privado, em Psicologia Jurídica e mestrando em Políticas Públicas em Direitos Humanos pela UFRJ.
Violência estatal
A defensora pública do Rio de Janeiro Mariana Castro de Matos ressaltou a importância das perícias para evitar a tortura psicológica contra pessoas condenadas – a violência estatal. “Temos uma resolução recente do CNJ, n. 414/2021, que trata dos requisitos para a realização de perícias em casos de relatos de tortura ou maus tratos, e essa resolução é muito específica ao dizer que deve haver, inclusive, perícia de vestígios psicológicos. Não basta apenas um exame físico ou visual, que é o que temos nos exames de corpo de delito que são realizados sobre as pessoas presas. Isso se limita a sinais visuais, mas muitas violências não deixam vestígios físicos, e sim mentais. Se o Estado não realiza essa perícia psicológica e você não reconhece o valor na palavra da pessoa condenada, acaba premiando a ineficiência.”
Sobre precedentes e fundadas razões, a promotora de Justiça Paula Cunha Basílio comentou que “é comum haver uma confusão. Devemos respeitar a tese geral, fixada por necessidade de fundadas razões, não bastando a situação de flagrante em si. Seguindo a orientação do STF, é necessária a existência de fundadas razões. Mas aí aparecem as controvérsias sobre o assunto, pois posso pensar que devo ou não seguir uma ou outra decisão, da mesma forma posso seguir a orientação geral do STF, mas discordar totalmente de suas decisões do que seriam as fundadas razões”.
O juiz Alex Quaresma Ravache, especialista em Direito Processual Civil comentou que as divergências atrapalham a formação dos precedentes. “A mesma turma vai decidir de uma forma em um dia e, na semana seguinte, decidirá de outro modo. Isso em casos extremamente semelhantes.”
Direitos humanos
O desembargador aposentado e professor Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Carvalho, doutor em Direito, falou da importância do curso de aperfeiçoamento. “Provoca a reflexão do juiz criminal sobre o papel dele em uma sociedade determinada, a brasileira, em nosso caso. O juiz reflete sobre o relacionamento ou qual deve ser o relacionamento do juiz criminal com os direitos humanos. Isso é o mais importante do curso. O papel do juiz criminal deve ser de garantidor dos direitos humanos.”
O doutor em Psicologia Pedro Paulo Gastalho de Bicalho, presidente do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro e representante do Conselho Federal de Psicologia no Conselho Nacional de Direitos Humanos, afirmou que “a audiência de custódia é reconhecidamente um importante instrumento construído pela democracia brasileira para o enfrentamento não somente de torturas, como também de desigualdades nos campos das injustiças”. “A proteção e o combate à tortura no país são um dever de todos nós.”
Além dos encontros síncronos, o curso disponibilizou duas videoaulas do primeiro módulo, com enfoque no estudo da normatividade da audiência de custódia. Uma aula com destaque para resoluções do CNJ e do TJRJ, ministrada pela juíza Ariadne Villela, e outra com foco no estudo da Atuação do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (GMF) no CNJ e no TJRJ, ministrada pelo juiz Antônio Lucchese.
A defensora pública Caroline Tassara, representante do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas do CNJ, também participou do curso como videoconferencista. O curso, que teve início em 21 de março, tem carga horária de 20 horas e será encerrado nesta terça-feira (19/4). O objetivo foi examinar o instituto da audiência de custódia como política pública nas áreas de direitos humanos e da justiça criminal.
Fonte: Emerj/TJRJ
The post RJ: casos controvertidos em audiência de custódia são debatidos pelo Judiciário appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Anoreg RS
Falta de Termo de Compromisso impede isenção de taxas em área de preservação ambiental
06 de abril de 2022
Os Desembargadores integrantes da 22ª Câmara Cível do TJRS decidiram, por unanimidade, negar recurso sobre pedido...
Anoreg RS
STJ fixa medida protetiva a mulher trans com base na Lei Maria da Penha
06 de abril de 2022
A Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) é aplicável para o caso da mulher transexual vítima de violência em...
Portal CNJ
“Com o Conciliação Itinerante podemos dar mais uma chance ao nosso casamento”
06 de abril de 2022
Os 16 anos da história de amor de Herlane da Silva e Adinelson da Silva estavam prestes a chegar ao fim. Mas, no...
Portal CNJ
CE: Trabalhadora permanece em home office por proteção do trabalho feminino
06 de abril de 2022
Uma decisão em tutela de urgência, proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região (TRT7) no dia 25 de...
Portal CNJ
Voluntária atua há mais de 15 anos como mesária em Curitiba (PR)
06 de abril de 2022
Para Fabíola de Paoli, coordenadora da área financeira de uma escola de nível médio, eleição é sinônimo de...