NOTÍCIAS
e-Revista: artigo analisa decisões judiciais à luz do constitucionalismo feminista
14 DE SETEMBRO DE 2023
Assegurar a proteção às mulheres sob a ótica do constitucionalismo feminista, no âmbito do Poder Judiciário brasileiro, é o tema central do artigo “Tutela judicial das vulnerabilidades femininas: o papel do Poder Judiciário brasileiro na efetivação do constitucionalismo feminista”. No trabalho, publicado no sétimo volume da Revista Eletrônica do Conselho Nacional de Justiça (e-Revista CNJ), duas pesquisadoras e um pesquisador do Paraná relatam o caminho percorrido e os achados com os quais se depararam ao longo dele, incluindo aqueles que refletem a invisibilidade das mulheres.
A questão levou os pesquisadores Eduardo Cambi, da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) e do Centro Universitário Fundação Assis Gurgaz (FAG), Letícia Porto Nosaki e Melina Girardi Fachin, ambas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a embrenharem-se em decisões judiciais que levassem às veredas da equidade de gênero.
Já na primeira parte do texto, é feita a análise sobre como o direito reflete o patriarcado e as vulnerabilidades femininas no país, em que 40% dos assassinatos registrados são contra mulheres, segundo dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).
Nesse contexto, o constitucionalismo feminista é descrito como um método hermenêutico que procura promover a cidadania, focalizado no direito das mulheres. “O julgamento de acordo com a perspectiva de gênero, bem como com a implementação do constitucionalismo feminista, contribui para os magistrados atuarem na melhor proteção dos direitos humanos”, aponta o artigo.
Outra conclusão é que o juiz ou juíza feminista não é necessariamente um magistrado ou magistrada parcial, mas um ser humano que se sensibiliza com situações de vulnerabilidade, ou seja, alguém comprometido e engajado no combate às injustiças sociais.
Perspectiva de gênero
Os pesquisadores destacam a importância de que, em julgamentos que envolvem casos de fixação de alimentos ao ex-cônjuge, bem como aos filhos menores de idade, o Poder Judiciário adote o julgamento com perspectiva de gênero – conforme protocolo previsto na Recomendação CNJ n. 128/2022.
“É importante fixar que a jurisprudência brasileira vem progredindo, mesmo que lentamente”, pontuam os autores. Eles defendem que o protocolo seja utilizado pelo Judiciário como meio de promoção da equidade do dever de cuidado de pai e mãe no âmbito familiar.
Outra medida em ações de prestação alimentar devida aos filhos menores de idade, o valor ou a quantidade dos alimentos deve se balizar pelo trinômio necessidade-possibilidade-proporcionalidade, previsto no Código Civil. De acordo com os autores, o princípio permite ao juiz considerar o trabalho doméstico do cuidado não remunerado desempenhado pela genitora na criação da criança e, desta forma, isentar ou diminuir a sua participação no pagamento da pensão alimentícia.
Os autores também mencionam julgados que se encontram em sintonia com a promoção da equidade de gênero pelo Poder Judiciário, proporcionando proteção à mulher. A mudança, ressalvam, não ocorre rapidamente, mas baseia-se no constitucionalismo multinível, no qual as mulheres reconhecem umas às outras como sujeitas de direito em suas multiplicidades. “O constitucionalismo feminista opera por meio de mulheres e para mulheres, em permanente diálogo e colaboração com os homens, revelando a potencialidade das vozes femininas para a composição de espaços heterogêneos e a construção de uma sociedade mais igualitária”, resumem.
Texto: Mariana Mainenti
Edição: Jônathas Seixas
Agência CNJ de Notícias
The post e-Revista: artigo analisa decisões judiciais à luz do constitucionalismo feminista appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Portal CNJ
Tribunal de Justiça do Pará assina acordo para implantação do programa Novos Caminhos
10 de outubro de 2023
O Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) é o mais novo parceiro da iniciativa coordenada pela Corregedoria Nacional...
Portal CNJ
Justiça 4.0 divulga lista de pessoas selecionadas para curso de Java Básico
10 de outubro de 2023
O Programa Justiça 4.0 selecionou os 250 profissionais de órgãos do Poder Judiciário que participarão do curso...
Portal CNJ
Conselheira participa da abertura do Fórum dos Juizados Especiais de Pernambuco
10 de outubro de 2023
A presidente do Comitê Nacional dos Juizados Especiais (Conaje), conselheira Salise Sanchotene proferiu palestra...
Portal CNJ
No Maranhão, Fórum Fundiário Nacional aprova propostas para regularização fundiária e proteção ambiental
09 de outubro de 2023
O Fórum Fundiário Nacional das Corregedorias Gerais dos Tribunais de Justiça, reunido no dia 6 de outubro, em...
Portal CNJ
Para especialistas, abordagem multisciplinar é fundamental no tratamento da dependência química
09 de outubro de 2023
Os impactos do uso de drogas na saúde mental dos jovens e os tratamentos oferecidos aos dependentes químicos foram...