NOTÍCIAS
Infância deve ser protegida de negligência, exploração, violência e opressão, diz Rosa Weber
19 DE MAIO DE 2023
“Cabe à família, sociedade e Estado o dever de colocar as crianças, os adolescentes e os jovens a salvo de toda forma de ‘negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão’”, afirmou a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Rosa Weber, no encerramento do I Congresso do Fórum Nacional da Infância e da Juventude (Foninj), em São Paulo, nesta sexta-feira (19/5). Na ocasião a ministra ressaltou os direitos da criança e do adolescente previstos na Constituição Cidadã de 1988.
As ações do governo nas esferas federal e estadual foram compartilhadas no último dia de debates do congresso. O painel que abriu a programação do segundo dia de evento reuniu autoridades em torno das discussões sobre o futuro das políticas públicas para a Infância e adolescência. Na pauta, programas sociais voltados para família, crianças e jovens.
Coordenado pelo conselheiro do CNJ e presidente do Foninj, Richard Pae Kim, o painel contou com a presença do ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Wellington Dias, da secretária Nacional de Cuidados e Família, Laís Abramo, da mesma pasta, e o secretário estadual de Justiça, Fábio Prieto.
Experiências compartilhadas
A experiência do Governo do Estado de São Paulo com a Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (Fundação Casa) na condução de adolescentes infratores foi apontada pelo secretário Fábio Prieto. Na visão dele, a fundação é uma das melhores de assistência e recuperação de jovens do mundo, ao afirmar que “[…] a Fundação Casa é herdeira de uma instituição que tinha o pior DNA possível, a antiga Febem. Torturas, assassinatos e todo tipo de crueldade fazia parte do dia a dia dos internos. Em gestões anteriores a procuradora Berenice Giannella colocou de pé uma entidade completamente reformada”.
Prieto destacou a estrutura oferecida pela Fundação Casa, que conta com médico, psicólogo, dentista e um grande número de rede de escolas e atividades extraescolares. “Melhorou muito o índice de reincidência”, assegurou.
A secretária do MDS, Laís Abramo, explicou o processo de criação da Secretaria de Cuidados e Família, cujo objetivo é proteger as pessoas, em seu núcleo primeiro: as famílias. “Todo o trabalho é voltado para o combate às desigualdades estruturais. Todas as pessoas necessitam de cuidado ao longo de seu ciclo de vida, mas nem todas as pessoas cuidam ou recebem cuidados. A família, em geral, é muito desigual, com a maior parte das responsabilidades direcionadas apenas às mulheres”, esclareceu.
O ministro Wellington Dias falou do compromisso da atual gestão federal em trabalhar conjuntamente com o CNJ. “A orientação é que todos deem as mãos para trabalhar nos três níveis de governo, nas esferas pública e privada, independente de partidos políticos. Hoje 28% da população brasileira não faz as três refeições normalmente”, lamentou.
Para o ministro, o patamar de pobreza que o país atingiu traz consigo mazelas ainda maiores, sobretudo para crianças e adolescentes. “Toda sociedade que chega a esse ponto vê o Estado oficial sendo disputado por um estado paralelo, que é a criminalidade. O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social desenvolveu um olhar especial para crianças. A pedido do presidente Lula, focamos em uma política social integrada e com atenção diferenciada para a juventude”, declarou.
Realidade da infância e juventude
A ministra Rosa Weber ressaltou, durante a solenidade de encerramento, que o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação são algumas das garantias fundamentais para uma vida digna. “O desenvolvimento humano que subjaz à condição de exercício da cidadania plena, corresponde um dever por parte da família, da sociedade e do Estado. Cabe a cada um destes o dever de colocar as crianças, os adolescentes e os jovens a salvo de toda forma de ‘negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão’”, afirmou a ministra.
Na avaliação de Weber, os indicadores de pobreza estrutural, mortalidade infantil, insegurança alimentar, entre outros, revela o cruel desencontro entre a realidade brasileira e o que apontam os instrumentos nacionais e internacionais de direitos humanos. As violações dos direitos fundamentais de crianças e jovens trazem tristeza e vergonha a todos. “Basta ter os olhos de ver para constatar essa triste realidade”, complementou.
Dados da UNICEF, citados pela ministra, mostram que existem mais de 32 milhões de crianças e adolescentes em situação de pobreza no Brasil. A situação impacta em áreas como educação, saúde e recursos para alimentação, permitindo delineá-la como pobreza multidimensional.
Outro ponto levantado pela presidente do CNJ se refere à pesquisa nacional sobre violência contra crianças no ambiente doméstico. Segundo apontou o levantamento, mais de 90% dos casos de agressões contra crianças no Brasil ocorrem dentro de casa e 72,7% dos casos acontecem onde mora a vítima e o acusado de agressão.
No encerramento do evento, a ministra Rosa Weber também recebeu crianças da região que puderam relatar um pouco da realidade que experimentam, além de um jovem rapper, o MC Invictor, que se apresentou cantando trechos de uma de suas canções que abordam questões sociais.
Leia mais: Carta do Foninj faz recomendações para avanços na atenção à infância e juventude
Parceiros
Responsável por abrigar o I Congresso do Foninj, o presidente da Escola Paulista de Magistratura, José Maria da Câmara Júnior, lembrou as prioridades da instituição. “A pauta da nossa escola está relacionada à sustentabilidade, à ética e ao comprometimento com a qualidade do serviço público”, disse.
Já o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), desembargador Ricardo Mair, enfatizou a relevância do Foninj. “A questão da infância e da juventude é importante sob todos os vértices. Executamos políticas públicas da juventude, damos concretude aos direitos fundamentais”, finalizou.
Texto: Ana Moura
Edição: Jônathas Seixas
Agência CNJ de Notícias
The post Infância deve ser protegida de negligência, exploração, violência e opressão, diz Rosa Weber appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Portal CNJ
No Amapá, urna eletrônica é adaptada para treinamento de eleitores indígenas
29 de junho de 2023
O Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP), preparou um treinamento especial para os eleitores indígenas. A...
Portal CNJ
Cejusc do 2º grau da Justiça do Trabalho sergipana arrecada mais de R$ 3 milhões em julho
29 de junho de 2023
O Centro Judiciário de Métodos Consensuais de Solução de Disputas do 2º Grau (Cejusc do 2º Grau) encerrou o...
Portal CNJ
Tribunal do DF ouve população em situação de rua para elaboração de cartilha
29 de junho de 2023
A juíza Luciana Yuki, coordenadora da Política Nacional Judicial de Atenção a Pessoas em Situação de Rua do...
Portal CNJ
Justiça Rápida Itinerante faz 90 audiências nos primeiros quatro dias no Vale do Guaporé (RO)
29 de junho de 2023
Aos 70 anos de idade, Paulo Oro não casou com a companheira de décadas. Apesar da união antiga, dos oito filhos e...
Portal CNJ
SP recebe Ação Nacional de Identificação Civil e Documentação de pessoas presas
29 de junho de 2023
A Ação Nacional de Identificação Civil e Documentação Civil de pessoas presas do Conselho Nacional de Justiça...