NOTÍCIAS
Vítimas de violência recebem atenção do Poder Judiciário
08 DE FEVEREIRO DE 2023
O Brasil assiste, nesse início de século, a mudanças efetivas no Sistema de Justiça Criminal. Antes focado apenas na condenação do acusado, o direito penal evolui e busca uma atuação voltada para o resgate da dignidade das vítimas de crimes e delitos. Para concretizar essa mudança, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) editou a Resolução n. 253/2018, modificada pela Resolução n. 386/2021, e determinou a criação de Centros Especializados de atendimento e Acolhimento à Vítima nos tribunais brasileiros.
Pioneiro no país, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) implementou uma unidade com esse objetivo e, somente no ano passado, realizou 288 atendimentos especializados. Coordenadora do Centro de Atenção e Apoio às Vítimas de Crimes e Atos Infracionais, a juíza auxiliar da Presidência do TJRJ, Fernanda Galliza, explica que, além de espaço adequado para acolhimento, o local conta com profissionais das áreas jurídica e de saúde para atender demandas de pessoas afetadas por violência.
“Além de acolhimento e orientação para aliviar o sofrimento de vítimas de crimes, nossa equipe também faz encaminhamentos para unidades de saúde do município. A preocupação primordial é garantir que não haja revitimização”. A juíza aponta que o processo penal, antes voltado para o réu, passa por mudanças e, agora, também está olhando para as vítimas. “A violência é um trauma e quem passa por isso precisa de atenção. Nosso trabalho é olhas para a vítima, ampará-la e protege-la”.
Fernanda Galliza ressalta que o Centro de Atenção às Vítimas do TJRJ também atende demandas jurídicas, acompanha o andamento do processo e informa sobre audiência e sentença. “Em muitos casos, a vítima tem direito a indenização junto ao INSS ou ao juízo cível e nossos profissionais fornecem informações e orientações a esse respeito, sempre buscando viabilizar que o benefício seja obtido”.
Um dos primeiros diplomas legais de proteção à vítima foi a Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006), que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher e punir os agressores. Com o objetivo de atender mulheres agredidas, o Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) implementou o Projeto Recomeçar, que realiza cirurgias plásticas reparadoras em mulheres, crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica.
Viabilizada a partir de uma parceria entre o Poder Judiciário Goiano e a Fundação Instituto o Desenvolvimento do Ensino e Ação Humanitária (IDEAH) da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), a iniciativa busca amenizar a dor e contribuir com a recuperação da autoestima de quem sofreu de violência doméstica. As vítimas são encaminhadas pelo TJGO para a Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar que viabiliza a avaliação médica. Posteriormente, a IDEAH direciona o atendimento ao Serviço de Cirurgia Plástica da Rede Privada e aos serviços públicos credenciados da SBCP.
Direitos das vítimas
Para o presidente da Comissão Permanente de Políticas de Prevenção às Vítimas de Violências, Testemunhas e de Vulneráveis do CNJ, conselheiro Marcio Freitas, um dos maiores desafios do processo penal é o de tornar efetivos os direitos das vítimas, seja no que diz respeito ao aspecto patrimonial, seja no que diz respeito ao acompanhamento dos fatos processuais, como informação de prisões e solturas do acusado, por exemplo. Ele afirma que a própria estrutura do processo penal é pensada, de modo geral, para lidar com o acusado, o que acaba relegando a vítima a uma posição de mera fonte de informações. “Ao acusado que não tem um advogado, o Estado tem que proporcionar acesso a um defensor público. À vítima, isso nem sempre é garantido. O ideal era que fosse, especialmente naqueles casos em que cabe ao estado o papel de proteger a vítima, como nos casos de violência doméstica. Porém, nem sempre isso acontece”.
Ele enfatiza que, por meio dos Centros Especializados de atendimento e acolhimento à vítima, o Poder Judiciário vem fomentando o acolhimento e orientação sobre os direitos das vítimas de crimes e atos infracionais. Freitas também aponta a existência de programas, como a Justiça Restaurativa, que visam a dar voz às vítimas. Ele destaca que esse instrumento funciona como uma solução para além do viés punitivista. “Na prática, é possível ouvir a vítima, familiares e demais atingidos. O CNJ possui uma Comissão de Justiça Restaurativa que dá voz à vítima e busca reequilibrar, minimamente, essa relação”.
Texto: Jeferson Melo e Nathalia Queiroz
Edição e supervisão: Karina Berardo
Agência CNJ de Notícias
The post Vítimas de violência recebem atenção do Poder Judiciário appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Portal CNJ
Justiça de Roraima encerra 1ª Jornada do Pacto Nacional Pela Primeira Infância
01 de março de 2023
Após dois dias de uma verdadeira imersão nas políticas voltadas à primeira infância em Roraima, foi encerrada a...
IRIRGS
IRIRGS, Anoreg/RS e o Colégio Registral reúnem-se com a Corregedoria-Geral da Justiça do RS nesta quarta-feira
01 de março de 2023
Na tarde desta quarta-feira (1), o Instituto de Registro Imobiliário do Rio Grande do Sul (IRIRGS) participou de...
Portal CNJ
Foninj prepara congresso sobre prioridade para direitos de crianças e adolescentes
28 de fevereiro de 2023
A partir de março serão abertas as inscrições para o I Congresso do Fórum Nacional da Infância e da Juventude...
Portal CNJ
Cidadania não-binária: justiça realiza audiências para retificação de nome e gênero
28 de fevereiro de 2023
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) sediou, na manhã de segunda-feira, 27/2, a...
Anoreg RS
TJRS – PROVIMENTO Nº 08/2023 CGJ – Lei nº 13.709/18 – LGPD – Adequação da normatização local do Provimento nº 134/2022-CNJ
28 de fevereiro de 2023
Clique aqui e confira a publicação na íntegra.