NOTÍCIAS
Evento promove intercâmbio sobre modelos de dosimetria no Brasil e no exterior
20 DE ABRIL DE 2022
Evento promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) nesta quarta-feira (20/4) reuniu autoridades brasileiras e internacionais para tratar de dosimetria, o cálculo que determina a pena de uma pessoa condenada pela justiça criminal. O Seminário Dosimetria no Direito Comparado é uma ação do grupo de trabalho para elaborar diretrizes sobre o tema. Sob a coordenação da corregedora nacional de Justiça, ministra Maria Thereza de Assis Moura, e dos ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Rogerio Schietti Cruz e Reynaldo Soares da Fonseca, debates e estudos são promovidos para elaboração de uma proposta consolidada com diretrizes para a dosimetria da pena nos processos criminais.
De acordo com o presidente do CNJ, ministro Luiz Fux, mesmo o Poder Judiciário já sendo “independente, moderno e altamente produtivo”, a Justiça deve manter compromisso com o aperfeiçoamento dos serviços que presta à sociedade. Ele registrou que um dos eixos de gestão da sua Presidência é justamente o fortalecimento da Justiça criminal e o combate à corrupção e à criminalidade organizada.
O presidente do STJ, ministro Humberto Martins, destacou que o tribunal tem uniformizado a jurisprudência sobre o tema, sem “vinculação a critérios matemáticos”, mas com balizas concretas, como coerência entre o número de circunstâncias judiciais negativas, intervalo de pena abstratamente previsto para crime e duração das penas aplicadas pela jurisprudência.
O juiz federal dos EUA Ricardo Hinojosa falou de sua experiência à frente da Comissão de Sentenças do país. O órgão tem objetivo de elaborar diretrizes nacionais para a Justiça criminal relacionadas à dosimetria. Depois de cumprir dois mandatos na Comissão, chegando a dirigi-la, Hinojosa atualmente preside o Tribunal do Distrito Sul do Texas.
O professor Jonathan J. Wroblewski, da Faculdade de Direito da Universidade de Harvard, tratou das diferentes categorias que, segundo as diretrizes nacionais de dosimetria, determinam a gravidade dos diferentes crimes federais na legislação dos EUA e suas implicações na duração total das penas. Além de acadêmico, Wroblewski também foi membro da Comissão de Sentenças e atualmente trabalha na Divisão Criminal no Departamento de Estado dos EUA.
Já o magistrado italiano Galileo D’Agostino abordou, entre outros pontos, como a lei italiana confere importância à fundamentação da dosimetria pelo juiz e os fatores – atenuantes e agravantes – que um magistrado de seu país precisa considerar na definição do tempo de condenação de uma pessoa.
Participaram do debate que se seguiu à palestra de D´Agostino, a desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) Katia Amaral Jangutta, o juiz instrutor no STF, Etiene Coelho Martins, a juíza auxiliar da Presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Flavia da Costa Viana e o juiz auxiliar da Presidência do CNJ Anderson de Paiva Gabriel, que inclusive agradeceu o apoio do Consulado americano e do Office of Overseas Prosecutorial Development, Assistance and Training (OPDAT) para a realização do evento. Também esteve presente o juiz do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), Marllon Souza, integrante do grupo de trabalho.
Experiências
O encontro foi classificado como “muito produtivo” pelo ministro do STJ Rogerio Schietti Cruz, que ressaltou que os debates fornecerão subsídios importantes para o grupo de trabalho. Segundo Schietti, a participação dos professores dos EUA e da Itália permitiu a troca de experiências e o aprofundamento do conhecimento acerca de realidades diferentes da brasileira. “Isso nos leva a refletir sobre o que poderíamos fazer para aprimorar o processo de fixação da pena daqueles que venham a ser condenados.”
O ministro observou que, no Brasil, não existe o que há nos Estados Unidos, que é uma investigação com um relatório ao final sobre tudo o que interessa ao juiz: os fatores, as circunstâncias relativas ao crime, ao próprio acusado e à vítima. “Esse relatório, após ser debatido pelas partes, resulta em uma sentença que reflete com maior precisão o que se espera, isto é, mais justa e proporcional ao crime que foi praticado.”
Já o ministro do STJ Reynaldo Soares da Fonseca destacou a importância do estabelecimento de parâmetros que permitam tratar de maneira equânime situações assemelhadas. Ele citou o primeiro seminário que ouviu juízes e professores brasileiros e possibilitou avaliar a dosimetria da pena no país. “Agora trabalhamos o direito comparado com dois modelos: o norte-americano e o italiano, o último que é mais próximo do nosso. Mas temos sofrido influência do modelo chamado de Common Law, oriundo da Inglaterra e EUA. Portanto, nada melhor do que ouvir os parâmetros e experiências de dosimetria da pena nos Estados Unidos.”
Soares da Fonseca observou que os representantes dos EUA trouxeram uma concepção de dosimetria em que há um diálogo entre o juiz, o ofensor, a vítima e a sociedade. “O modelo é extremamente interessante, principalmente para nós, brasileiros, que estamos em busca da chamada Justiça Restaurativa.”
O secretário-geral do CNJ, juiz federal Valter Shuenquener, destacou a relevância dos debates e enfatizou a dedicação do grupo de trabalho em estabelecer a dosimetria da pena nos processos criminais. “O Conselho tem se dedicado a aprimorar a atuação da Justiça Criminal e tem sempre como diretriz a proteção dos direitos humanos, ação prioritária na gestão do presidente, ministro Luiz Fux.”
Manuel Carlos Montenegro e Jeferson Melo
Agência CNJ de Notícias
Reveja o seminário no canal do CNJ no YouTube
Veja mais fotos no Flickr do CNJ
(use as setas à esquerda e à direita para navegar e clique na foto para a acessar em diferentes resoluções)
The post Evento promove intercâmbio sobre modelos de dosimetria no Brasil e no exterior appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Portal CNJ
Evento promove intercâmbio sobre modelos de dosimetria no Brasil e no exterior
20 de abril de 2022
Evento promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) nesta quarta-feira (20/4) reuniu autoridades brasileiras e...
Portal CNJ
Manutenção programada do CNJ impactará SEI e Sisbajud
20 de abril de 2022
O Departamento de Tecnologia da Informação e Comunicação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) realizará uma...
Portal CNJ
Link CNJ: Letramento digital desafia informatização do Judiciário
20 de abril de 2022
A edição do Link CNJ que vai ao ar nesta quinta-feira (21/4), às 21h, aborda a falta de letramento digital. A...
Portal CNJ
CNJ aperfeiçoa regras para ingresso de pessoas negras na magistratura
20 de abril de 2022
Os tribunais brasileiros não poderão estabelecer nota de corte ou qualquer cláusula de barreira na prova objetiva...
Portal CNJ
Justiça Eleitoral mineira emite e regulariza títulos de pessoas em situação de rua
20 de abril de 2022
Nessa terça-feira (19/4), o Foro Eleitoral de Belo Horizonte participou do projeto “Rua de Direitos”,...